quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Déjà vu

Paranóia (Disturbia, 2007)
D.J. Caruso



Não...não vou falar do recente filme protagonizado pelo Denzel Washington. Vamos lá: Personagem central em casa, com binóculos, espiando vizinhos, descobrindo os podres deles... Se o maravilhoso clássico Janela Indiscreta veio à sua cabeça, pode desistir. O de já vu pára por aí, pois o novo thriller Paranóia não vai longe na tentativa de transformar uma janela indiscreta numa fonte convincente de suspense.

O filme narra a historia de Kale (Shia LaBeouf), um garoto que, traumatizado pela violenta morte do pai, é submetido à prisão domiciliar após agredir um professor. Limitado e entediado, ele passa a bisbilhotar pelas janelas a vida da vizinhança. Começa então a relacionar uma série de assassinatos veiculados pela mídia a um de seus vizinhos e, com a ajuda dos amigos, faz de tudo para solucionar o caso.

A questão é que não se cria um ambiente de suspense desde o início da história. Ao contrário, pelo menos meia hora (mas deve ter sido muito mais) se direciona à ambientação da personagem principal – que não é complexa o suficiente para ser tão explorada-, o que cria uma sensação inquietante de “nada acontece”.

A atmosfera que reina é a de um filme adolescente que arranca, sim, alguns sustos (ocasionados principalmente pelas musiquinhas sinistras seguidas de um baque), mas que definitivamente não supera as expectativas e ainda tem o azar de ser sucessor de um filme tão bom do mestre do terror.

Shia LaBeouf é super simpático e realmente parece estar no caminho certo para brilhar sob os holofotes de Hollywood. Não fosse ele, nem o romancezinho do filme empolgaria o público. Carrie Anne Moss? Acaba sendo talento inexplorado nesse tipo de película.

Pode ser duro ou precipitado demais, mas minha aposta é que veremos Paranóia na Tela Quente daqui a alguns anos.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Foi maravilhoso enquanto durou

Bem, depois de mais de 6 meses juntos, nós, Rafael e Andressa, resolvemos nos separar. Mas acalmem-se, a separação foi amistosa! Na realidade, estávamos precisando de um espaço reservado para que cada um escrevesse à sua forma e em seu tempo.

A experiência de colocarmos nossa opinião sobre algo que nos agrada tanto quanto o cinema foi extremamente gratificante e positiva. Motivo pelo qual continuaremos fazendo o mesmo, só que em espaços distintos. E claro, continuamos contando com a participação de todos vocês que tantos nos apoiaram e nos alegraram com seus comentários e visitas. Sem sombra de dúvidas, era (e ainda é) o que nos motiva a estar sempre escrevendo.

Na separação de bens, o Cinematógrafo XXI fica nas mãos de Andressa, enquanto que Rafael passa agora a escrever num espaço novo, o Moviola Digital - http://www.movioladigital.blogspot.com/ .

terça-feira, 11 de setembro de 2007

O futuro ao HOMEM pertence

Filhos da Esperança (Children of Men, 2006)
Dir: Alfonso Cuarón



Sempre que assistia a filmes futuristas, com todas aquelas máquinas e supertecnologia, me perguntava: “será que ninguém entende? Não vai ser desse jeito!”.

Na minha singela percepção de mundo, enxergava um futuro de pura violência, dominação cultural e racial, fome, desgraça e, no meio disso tudo, uma tecnologia que, mesmo avançada, não passaria de um tiro n’água ante toda a conturbação social gerada pelo homem.

Filhos da Esperança vem exatamente desmistificar a noção floreada de um futuro próspero proveniente da evolução tecnológica. O mais interessante é que a forma encontrada para tal não foi apenas a fome, doenças ou falta de fontes de energia, o que seria mais comum, e sim todos esses problemas culminando numa estrutura social caótica que gerou um problema jamais imaginado: a impossibilidade de reprodução. À primeira vista pode soar surreal demais, mas funciona no mínimo como uma primorosa metáfora do que pode acontecer se o homem mantiver o atual ritmo e “qualidade” de sua evolução na Terra.

O filme é magnífico em todos os aspectos. Além de trazer uma narrativa interessantíssima e bem contextualizada, guiada através da personagem de Clive Owen (que está impecável no papel), apresenta recursos técnicos de tirar o fôlego, desde os incríveis planos-sequência, até a fotografia e ambientação sombrias que nos transmitem perfeitamente o clima de destruição e angústia presentes na Londres de 2027.

Além de um filme para rever, fica a reflexão de onde toda a ganância do homem pode chegar.

Postado por Andressa Cangussú