segunda-feira, 2 de julho de 2007

Poesia melosa

O Tigre e a Neve (La Tigre e la Neve, ITA, 2005)
Dir: Roberto Benigni
Cotação: 4/10


Roberto Benigni é um ótimo ator aliado ao ótimo texto que ele mesmo escreve. Suas tiradas são engraçadas e inteligentes, e ninguém melhor do que ele próprio para encarnar o personagem atrapalhado e isento de malícias de seus filmes. Pena que nesse seu novo trabalho o resultado não seja tão satisfatório, pois fica clara a óbvia intenção de forçar o espectador a se emocionar.


Isso, aliás, é bastante estranho vindo do cara responsável pelo excelente A Vida é Bela que aliava magnificamente bem o humor e a emoção, numa história trágica, porém bonita. Em O Tigre e a Neve ele vive Attilio, um poeta que tenta reconquistar sua ex-mulher (interpretada por Nicoletta Braschi) com a qual tem duas filhas. Quando ela viaja ao Iraque e é ferida durante os bombardeios norte-americanos de 2003, ele parte em seu socorro.

Atrapalhado, ele vai contar com a ajuda de seu amigo Fuad (vivido pelo ator francês Jean Reno) para encontrar sua amada e reconquistar seu amor. São nesses momentos que a história vai ficando melosa e bobinha, auxiliada pela trilha sonora um tanto piegas.

Benigni (que lembra Woody Allen por roteirizar seus próprios filmes e criar um alter ego seu, interpretando-o como ninguém – mas cada qual com seu estilo peculiar, que se diga logo) confere graça a seu personagem, embora se repita. Pena que Nicoletta Braschi (esposa de Benigni e produtora do filme) não possua o mesmo talento. Confesso ter pensado, no início do filme, que a personagem sofria de alguma doença na cabeça, mas essa minha impressão não se concretizou.

Outra ressalva que se faz é em relação à montagem que parece confusa no início mas vai se ordenando à medida em que o filme transcorre. Pelo menos, ao fim, nenhuma ponta da história fica solta. Mas o que realmente é difícil de perdoar são os fracos efeitos digitais utilizados para criar elementos de cenas (aquela neve...). Deram um ar um tanto falso à história, reduzindo o encanto.

O Tigre e a Neve tenta repetir a façanha de A Vida é Bela (impossível não fazer essa comparação), mas está longe de conseguir. Assim, fica a sensação de que se o filme se baseasse somente no talento de seu diretor-ator-roteirista para a comédia alegórica, o resultado poderia ser bem mais agradável.
Postado por Rafael Carvalho

11 comentários:

Ronald Perrone disse...

O Roberto Begnini não é mais o mesmo faz tempo...

Dr Johnny Strangelove disse...

Eu quero que esse italiano se foda pra lá ... ele já fez O Monstro e já está de bom tamanho ...
abraços

Anônimo disse...

Eu nunca gostei do Benigni, mas não acho "A Vida é Bela" tão ruim. Já esse "O Tigre e a Neve" é mesmo lamentável, especialmente nesse aspecto de tentar emocionar o espectador. nota 2,5/10

Gostei do blog ;-)

Ronald Perrone disse...

Haha, gostei do comentário do Johnny Strangelove. O Monstro é mesmo muito foda!

Anônimo disse...

Ainda não vi o filme então não falarei nada...
Quanto ao filme O Monstro, eu considero uma GRANDE obra de arte!!!

Aproveitando que eu estou aqui, quero dizer que no meu blog(cineoba.blogspot.com) está disponivel um raro curta metragem do diretor Gaspar Noé(irreversível).
O curta é bem polêmico e contém cenas de sexo explícito(só pra avisar aos puritanos).

Wiliam Domingos disse...

Ainda não vi este do Begnini, mas acho que o filme nem deveria ter sido feito, nada contra, mas fazer um filme na tentativa de repetir sucesso como em filmes passado, isto não né!
Abraço
http://eco-social.blogspot.com/
(Mr. Mestre lá no blog)

Anônimo disse...

Será que ele não é o diretor de um filme só?
sempre me pergunto isso.
abraços!

Gustavo H.R. disse...

Para Benigni, o raio não caiu duas vezes no mesmo lugar. Depois do fiasco de PINÓQUIO, não é surpresa ele ter recorrido aos elementos que o consagraram no sensível A VIDA É BELA para tentar retornar às boas com público e talvez crítica. Ainda assim, como se vê, o palhaço é talentoso. Que da próxima vez ele esteja mais inspirado...

Cumps.

Alex Gonçalves disse...

Poxa, fico triste em notar que TODOS os blogueiros (com exceção do amigo Cassiano, do Museu do Cinema) tenha, detestado este drama que tanto gostaria de assistir. Tenho que acompanhar outro filme de Benigni que não seja "A Vida é Bela" para ter um conceito formado sobre o cineasta, mas ao notar por sua obra mais famosa, é um ser de enorme talento.

Marfil disse...

Foi-se a Era do Benigni...

Túlio Moreira disse...

Rafael, posso ser bem direto?

Não tenho saco pra Roberto Benigni e nem gosto de A Vida É Bela, ehehehe

sou daqueles que acham Central do Brasil muito, muito, muito melhor... E olha que eu nem sou nacionalista assim, até torço pra Argentina em jogos de futebol, huaiahuiauhau (eita, sofredor que sou!)

abraço!