sábado, 28 de abril de 2007

Ser criança em tempo de ditadura

O ano em que meus pais saíram de férias (Idem, 2006)
Dir: Cao Hamburger
Cotação: 8/10

Filmes que retratam o período da ditadura não são novidade, mas O ano em que meus pais saíram de férias foge do tradicional enfoque dado a este triste momento da história brasileira, tratando-o sob a ótica de uma criança.

Mauro (Michel Joelsas), como sugere o título, não tem idéia de que seus pais sofrem as conseqüências da repressão política quando estes o deixam na casa de seu avô para fazerem uma viagem de "férias”. O conflito do filme se desenvolve quando o garoto descobre o avô havia morrido poucas horas antes de sua chegada. Sozinho e sem contato com os pais, Mauro se vê obrigado a assumir responsabilidades de adulto e encontra nos vizinhos – uma comunidade de judeus - apoio e amizade.

O futebol está presente em toda a história. O protagonista vê no jogo, ora em botão, ora no campo, sua maior forma de divertimento. É também o futebol, através da Copa do Mundo de 70, o marco temporal do filme, já que os pais de Mauro prometem para o garoto que retornarão antes do mundial. É interessante observar como a Copa cumpre para p menino o papel que cumpria para muitos na época da ditadura: a única fonte de alegria e esperança. Ao mesmo tempo em que era usada pelo Estado para disfarçar as atrocidades ocorridas pelo Brasil.

O que mais chama a atenção é o destaque dado às ações cotidianas das crianças, como as brincadeiras, aventuras e seu jeito inocente de estar à parte dos graves problemas do país. Quem espera ver uma grande produção, cheia de reviravoltas e clímax como Olga, ficará certamente decepcionado, mas quem buscar um relato inocente e sutil da ditadura se encantará.

PS: Não deixem a última frase do filme passar em branco, ela é magnífica.


Postado por Andressa Cangussú

7 comentários:

Anônimo disse...

Ótimo filme... uma das melhores produções brasileiras dos ultimos anos...

Anônimo disse...

Ótimo comentário DD, o filme é mesmo um "doce" retrato da ditadura, acho que conseguiu passar os sentimentos infatis provocado pela época através da percepeção do garoto. Os filmes que retratam a ditadura tem sempre a temática da repressão, da censura e da tortura, fazendo parecer que o só existia isso. É certo o peso disso na história do país, mas as outras representações, como a desse filme, precisam de espaço.

Wiliam Domingos disse...

Não me interessei pelo filme em nenhum momento! Não sei explicar, mas acho que foi pelo titulo e por não gostar muito do cinema nacional, apesar de estar vendo coisas que estão me agradando ultimamente!
A comparação feita com Olga, é bem díficil que algum filme alcance tudo que Olga fez....talvez "Zuzu Angel" foi o que mais alcançou!
Até mais!!!
(Fonte da Vida lá no blog, depois confira)
http://eco-social.blogspot.com/

João Micuansky disse...

Não gosttei tanto do longa, mas mesmo assim é um otimo filme, mas colocaria 7 de 10. Não gosto nehum pouco de "Olga", longa que acho ser um dos piores filmes nacionais.

Até mais.

Anônimo disse...

Daria uma nota 7 - não achei tão interessante, porém serve para mostrar que o cinema no Barsil vem melhorando cada vez mais, prova disso éo cuidado queos aspectos técnicos ganham nesse filme.
Abraço!

Túlio Moreira disse...

Andressa, eu não espero ver uma grande produção, cheia de reviravoltas e clímax como Olga. Busco um relato inocente e sutil da ditadura e certamente o cinema nacional precisa mais e mais de filmes como essa pequena obra-prima de Cao Hamburguer.

Bjs!

Alex Gonçalves disse...

Vi esta produção nos cinemas e confesso não ter ficado totalmente feliz ou emocionado com a chegada dos créditos finais. É um drama de bons momentos e de certas virtudes, pois um drama pela perspectiva de uma criança sempre trazem o seu valor, mas no restante, um filme frio e de poucas surpresas no roteiro.